23 de outubro de 2009

Portugueses sem história?!

Este espaço foi criado com a finalidade de expor as minhas ideias e conhecer a opinião dos visitantes do blogue sobre um tema que tem sido nos últimos anos frequentemente abordado, que é o das personagens esquecidas (ou quase esquecidas) da História de Portugal.

Estas podem ser também, historicamente, personagens da História do Brasil de África e da Índia. Não pretende ser um espaço vocacionado para a discussão sobre teoria da História, modelos historiográficos ou sobre a democratização da História, do género: quem deve ser considerado como personagem da história, apenas os «heróis» ou o também cidadão comum? Também não é, por enquanto, um espaço para discutir a História Local, apesar de ela ser um dos meus temas favoritos. O assunto em foco é o das figuras nacionais ou plurinacionais que se fizeram notar no seu tempo, mas sobre as quais, injustificadamente, ainda não reza a História (portuguesa, brasileira...). E as questões essenciais são:


- Existem «heróis» ignorados?

- Quem são eles, e por que devem ser resgatados para a História?


Espero que na troca de ideias e opiniões, na partilha de informações ou em simples comentários sobre estas questões, não se usem aqui palavras ou expressões claramente ofensivas ou que visem desrespeitar alguém. Proponho também que seja utilizada uma linguagem simples e acessível, devendo ser evitados quaisquer tipo de (pre)conceitos académicos e de preciosismos argumentativos.
Relativamente às questões que lancei a minha opinião é a de que a História tem efectivamente subvalorizado, e até omitido, uma grande parte de portugueses que dedicaram a sua vida ao serviço da Nação.
Se perguntarmos a um cidadão comum, português ou brasileiro, quem foi Pedro Álvares Cabral, certamente que nenhum deles terá dificuldade em responder. Se a pergunta for a respeito de Pedro Jacques de Magalhães, muito provavelmente a resposta, se existir, não será apresentada com tanta convicção e não será comum: O brasileiro poderá relacionar a personagem com a guerra contra os holandeses no Recife, enquanto que o português o ligará à batalha de Castelo Rodrigo. Mas se depois a pergunta for quem foi Henrique Jacques de Magalhães, a resposta seria obviamente qualquer coisa como:- Sei lá! Não terá sido parente do outro? O que em qualquer caso, infelizmente, é desculpável, mas mais para o brasileiro do que para o português. Isto é apenas uma conjectura, ou seja, uma situação que pode acontecer e, se acontecer, não significa que resulte do nível de conhecimentos das pessoas, mas reflecte, sem dúvida, a infindável necessidade de alargamento do objecto da historiografia.
Quando por curiosidade pessoal decidi começar a pesquisar a genealogia de Pedro Jacques de Magalhães, uma personagem sobre a qual pouco sabia, exceptuando o facto de ter sido um brilhante comandante militar que fez o que fez, contra todas as probabilidades, na batalha de Castelo Rodrigo e de ter sido agraciado com o título de visconde de Fonte Arcada, descobri uma dezena de portugueses da mesma linhagem que não constam (compreensivelmente) nos manuais escolares nem sequer (incompreensivelmente!) nas edições da História de Portugal mais consagradas. As referências que sobre eles encontrei nos nobiliários incitaram-me a fazer uma paralela pesquisa das suas vidas nos mais variados recursos documentais.
As notas biográficas que recolhi, que se encontram também publicadas neste blogue, fizeram-me tomar a firme convicção de que na sombra da plêiade de heróis nacionais que têm merecido, e bem, um lugar ao sol na História de Portugal, existe um número muito maior de personagens cujas acções militares, diplomáticas e políticas justificam igual merecimento, mas permanecem ainda, uns mal conhecidos e outros completamente desconhecidos por parte da maioria dos portugueses, apesar de alguma atenção que sobre eles tem recaído por um círculo restrito de estudiosos académicos.
Penso que os viscondes de Fonte Arcada inserem-se nesta linha de portugueses que a História de Portugal ainda não foi capaz de resgatar. São eles Pedro Jacques de Magalhães, seu filho, Henrique Jacques de Magalhães, que não usou do título mas foi, tal como seu pai, um grande chefe militar na infantaria e na armada, Manuel Jacques de Magalhães, António Jacques de Magalhães, João António Jacques de Magalhães e António Francisco Jacques de Magalhães.

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