10 de maio de 2009

Manuel Jacques de Magalhães

Manuel Jacques de Magalhães (1670 — 1707), 2º visconde de Fonte Arcada, foi um nobre e diplomata português dos finais do século XVII.


Biografia
Nasceu cerca de 1670, no rescaldo da guerra da Restauração, e cresceu no delicado ambiente de tensão que se interpunha para a reconciliação entre as duas monarquias, agora separadas, numa altura em que a diplomacia se impunha mais do que antes aos estados soberanos como uma peça fundamental no xadrez político internacional. Manuel Jacques de Magalhães soube tirar partido da conjuntura política do seu tempo, usando os dotes que possuía, ou aparentava possuir, para a diplomacia e insinuar-se na corte como o candidato certo para representar a nação restaurada no próprio país que repudiara. De facto, D. Pedro II escolheu-o como «enviado extraordinário a Castela». Mais tarde, desempenhou a mesma função diplomática em Inglaterra.
Foi detentor de um vasto património honorífico e material: Foi senhor da casa de seu pai, visconde de Fonte Arcada e comendador, na ordem de Cristo, de São Pedro da Aldeia de Joanes e de São Miguel da Foz de Arouce.[1] Este património já o detinha seu pai, Pedro Jacques de Magalhães que por isso lho transmitiu, não sem se ajustar um acordo com seu meio-irmão, primogénito, Henrique Jacques de Magalhães, o qual, na expressão de António Carvalho da Costa na Corografia Portuguesa, «foy alcayde de Castello Rodrigo, por cuja mercè, & outras mais deyxou por composição que fez com seu irmão Manoel Jaques, ao titulo de Visconde», isto é, o qual, em nome do título de alcaide mor de Castelo Rodrigo, entre outros, abdicava do de visconde de Fonte Arcada.[2]
A sua missão diplomática em Londres terminaria em 1696, quando foi substituído por D. Luís da Cunha nas funções de enviado extraordinário.[3]
Em 1706, em plena guerra da sucessão espanhola, Manuel Jacques de Magalhães acompanhou de perto a ofensiva das forças anglo-luso-alemãs nas terras de Ciudad Rodrigo e Salamanca, enviando nesse ano uma carta ao Secretário de Estado em Portugal, dando-lhe conta dos progressos obtidos por aquelas forças nessa região.[4]
Veio a falecer, segundo o mesmo autor da Corografia Portuguesa, em 1707 quando era governador da província da Beira.


Genealogia
Foi o 3º filho de Pedro Jacques de Magalhães e de sua 2ª mulher, Maria de Vilhena. Pertencia à linhagem portuguesa dos Jacques que remonta ao século XIV e se radica em Guillen Jacques, fidalgo aragonês, que passou a Portugal por volta de 1429, na companhia da infanta D. Leonor de Aragão que veio casar-se com o infante D. Pedro, estabelecendo-se no Algarve, entre Alvor e Lagos.[5] Foi quadrineto paterno de Pedro Jacques, fidalgo e cavaleiro da corte de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, que instituiu o morgadio da Bordeira, e trineto de Henrique Jacques, que foi alferes mor da ordem de Cristo e capitão mor da armada do Algarve. Pelo lado materno descendia de uma antiga família na nobreza portuguesa, os senhores da honra de Teixeira. Manuel Jacques de Magalhães não deixou descendentes.[1] [6]
__________

Referências
↑ 1,0 1,1 GAIO, Felgueiras, 1750-1831, Nobiliário de famílias de Portugal, Braga/ Agostinho de Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo Affonso, 1938-1941, Braga, Pax, 17 vol, tomo XVI, pp 129-130. Excerto: http://purl.pt/12151/2/hg-40109-v/hg-40109-v_item1/hg-40109-v_PDF/hg-40109-v_PDF_01-B-R0300/hg-40109-v_0023_118-132_t01-B-R0300.pdf
↑ 2 COSTA, António Carvalho da, 1650-1715, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal... / P. Antonio Carvalho da Costa. - Lisboa : na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1706-1712. - 3 vol., tomo III, p.377 in BND http://purl.pt/434/1/hg-1067-v/hg-1067-v_item1/P493.html
↑ 3 ALVES, Paulo Renato de Castro, D. Luís da Cunha e os cristãos-novos, Universidade Estadual de Maringá, Brasil. http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st12/Alves,%20Paulo%20R.%20C.pdf
↑ 4 PORBASE, Base nacional de dados bibliográficos, etiqueta de registo 06185cam 02200253 04500 nota de conteúdo 327, «Copia da carta que o Visconde de Fonte Arcada mandou ao Secretario de Estado dando-lhe conta do modo em que ficava já a brexa de Salamanqua e das mais operações que tinha feito a nossa Cavalaria até o dia 17 de Setembro de 1706» (p. 147-149) http://urn.porbase.org/bibliografia/unimarc/txt?id=47284
↑ 5 VARELLA, Luis Soveral, Genealogia. http://luissoveral.com.sapo.pt/Jaques.htm

Sem comentários:

Enviar um comentário

Contribua com a sua opinião sobre este tema.